terça-feira, 31 de março de 2009

MINHA HISTÓRIA

Infância é um dos períodos mais gostosos de nossa vida. É quando tudo começa a ser descoberto... O mundo parece tão grande e a gente tão pequenino!!! Existem coisas que nem compreendemos, mas tudo se torna feliz quando nos rodeiam de carinho. Lembrar, então, das brincadeiras, dos colegas, das travessuras (rsrsrs)..., da primeira escola, das primeiras professoras, dos colegas, nos faz sentir saudades. Quando lembro de minha infância, aparece de repente um misto de elementos e sensações: gostos, cheiros, sentimentos, músicas, lugares, pessoas...
Nasci em 13 de dezembro de 1987, na cidade de Jaguaquara – BA. Sou a primogênita de meus pais. Para mim eles foram (e são) pessoas fundamentais para a construção do meu eu. Apesar de estarem sempre ocupados nos trabalhos que faziam nunca me faltou o amor e o aconchego.
Com dois anos de idade, minha família e eu mudamos para a cidade de Apuarema – BA, onde resido até hoje. Recordo que, aqui, cursei o maternal numa escolinha particular que funcionava na garagem da casa das professoras. Segundo minha mãe eu era muito tímida, brincava na hora certa e só queria levar a lancheira cheia de merenda (rsrsrs).
As atividades, nesse período, eram de colagem, coordenação motora, traçar números e letras pontilhadas, dentre outras. As professoras trabalhavam muito com músicas, com brincadeiras orientadas, atividades coletivas, brinquedos de encaixe, etc.
Aos quatro anos, fui para o pré-escolar em uma outra escolinha particular. De acordo com minha mãe, nessa escolinha, a docente trabalhava muito com datas temáticas: páscoa, dia do soldado, natal. Nessa época, começava a haver em minha cidade a divulgação do construtivismo e as professoras tinham dificuldades em trabalhá-lo. Assim, quando alguma diretora de qualquer escola ia para palestras sobre essa temática, ao chegar se reunia com as docentes para relatar o que aprendeu. Com isso, as atividades iam mudando também. No ano seguinte, já com cinco anos, cursei a alfa, numa escola pública.
Nesse período eu estava começando a ler pequenas frases, escrevia meu nome completo, dentre outras atividades. Posso dizer que fui alfabetizada no método fônico - que segundo Ribeiro (2006) consiste em ensinar a leitura a partir do som da letra, passando pela representação gráfica, sílaba e, enfim palavra-frase – mas já começava a ter influencia construtivista.
A minha cidade tinha pouco tempo de emancipada, assim tinha pouca estrutura. Poucos eram os eventos de letramento, ou seja, as “situações em que a escrita constitui parte essencial para fazer sentido da situação, tanto em relação à interação entre os participantes como em relação aos processos e estratégias interpretativas” (KLEIMAN, 1995, p. 40).
Os eventos de letramento são consolidados por meio de diversos portadores de texto, como receitas, bulas, placas, cartazes, outdoors, livros, revistas, etc. Isso é característico das grandes cidades, mas em municípios em desenvolvimento são pouco ou raríssimos, mas existem, pois como afirma Terzi (apud KLEIMAN, 1995, p. 94) “todos os grupos sociais têm práticas de base cultural que dão origem a habilidades específicas em suas crianças”. Esse fato, mais tarde, já na universidade, transformou-se em uma problemática para mim: quais os fatores existentes em meu município que auxiliam no processo de aprendizagem da criança? Tal questionamento transformou-se em minha monografia.
É importante também a influência da família, que pode se dá através da leitura de historinhas e possibilitar o contato com os diversos portadores de texto. Mesmo sem saber disso, minha mãe me dava muitos livros de historinhas, mas pouco era tempo para lê-las para mim. Como eu não sabia ler, abria o livro, observava as gravuras, imaginava a história e fingia que lia as palavras, criando a minha própria história. Isso eu adorava fazer. Amava quando a professora mandava para casa uma atividade de criação de história, onde eu falava e minha mãe tinha que escrever. Quando meus pais tinham tempo para mim e meu irmão, era muito prazeroso e lúdico, pois eles conversavam muito com agente, contavam historinhas da vida deles, outras inventadas, outras da bíblia, desenhávamos juntos, etc.
Minha maior felicidade foi quando comecei a ler as primeiras palavras. Saia na rua com meus pais e sai lendo tudo que tinha na minha frente: Padaria do Elias, Box Casal 20, Grupo Escolar Dr. Vasco Filho... Pronto! O mundo estava diante dos meus olhos e eu já podia começar a desvendá-lo.
Aqui em Apuarema, sempre foi precário o acesso a recursos didáticos e aos elementos de pesquisa. Assim, no Ensino Fundamental I e II, as únicas novidades aconteciam quando recebíamos um novo livro didático. Mas, de certa forma, isso me incentivou a nunca me contentar com o pouco que tinha e buscava de todas as formas pesquisar mais.
No final do Ensino Médio, tive que refletir s obre o que eu queria fazer a partir de então. É muito difícil com dezesseis anos escolher o que você quer ser, o que inicialmente parece ser para a sua vida. Odontologia? Pedagogia? Biologia???? O mundo contemporâneo coloca-nos essas questões constantemente. Agente nem tem tempo para ser criança e/ou adolescente.
Após algumas reflexões percebi que não tinha aptidão para a área de saúde nem ciências biológicas. Então, depois de ser orientada por algumas professoras e decidi prestar vestibular para pedagogia. Mas, no fundo a maior influência foi aquela que veio da infância e a da adolescência, quando acompanhava a minha mãe na sala de aula e mais tarde na direção. Aprendi de tudo, um pouco, mas principalmente que a educação é um campo fascinante, dialético, complexo, desafiante e gratificante ao mesmo tempo.

Um comentário:

  1. Oi querida!
    Vc confirma na sua narrativa, o que as pesquisas sobre formação de professores vem revelando. A articulação entre o eu pessoal e o eu profissional. Sua família foi fundamental na escolha da sua profissão.Continue trazendo reflexões para o blog.

    Beijos

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